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Os Números que Exigem Ação – Por uma Porto Feliz Mais Inclusiva

Os dados do Censo 2022 sobre autismo e deficiências em Porto Feliz não são meras estatísticas. São um retrato vivo de realidades que exigem nosso olhar atento e ação imediata. Com 621 pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) – 1,1% da população – e 3.700 porto-felicenses (6,5%) vivendo com algum tipo de deficiência, esses números revelam desafios urgentes que nossa sociedade não pode mais ignorar.

As disparidades encontradas são especialmente preocupantes. No caso do autismo, homens são diagnosticados quase duas vezes mais que mulheres (1,4% contra 0,8%), levantando questões sobre subnotificação no sexo feminino. Já entre as deficiências em geral, as mulheres aparecem em situação mais vulnerável (7,7% contra 5,3% dos homens), possivelmente refletindo anos de trabalhos domésticos não valorizados e falta de políticas preventivas.

A análise por raça traz outro dado alarmante: enquanto 9,3% da população amarela tem diagnóstico de TEA, entre pessoas pretas não há registros – um absurdo estatístico que evidencia desigualdades no acesso a diagnósticos e serviços de saúde. Essas discrepâncias não são naturais; são fruto de um sistema que ainda falha em alcançar todos igualmente.

O envelhecimento da população aparece como outro desafio crucial. Se entre jovens de 2 a 14 anos apenas 1,6% têm deficiências, esse número salta para 58,1% entre os nonagenários. Com uma população que envelhece rapidamente, Porto Feliz precisa urgentemente de políticas de acessibilidade e cuidados geriátricos.

A educação é outra frente crítica: 61,27% das pessoas com deficiência têm no máximo o ensino fundamental incompleto, mostrando como as barreiras à inclusão escolar perpetuam ciclos de exclusão. Como podemos falar em igualdade de oportunidades quando a maioria sequer completa a educação básica?

A boa notícia é que, pela primeira vez, temos dados concretos para guiar nossas ações. A inclusão do TEA no Censo, conquista recente da sociedade civil, nos permite entender melhor esse universo. Agora, cabe a nós transformar essas informações em políticas públicas eficazes.

Exigimos: Diagnóstico precoce e acessível – especialmente para mulheres e populações negras subdiagnosticadas; Educação inclusiva de verdade – com formação docente e infraestrutura adequada; Acessibilidade urbana – adaptando nossa cidade para uma população que envelhece; Oportunidades de emprego – rompendo o ciclo de exclusão econômica; Campanhas de conscientização – para combater estigmas e promover inclusão social.

Porto Feliz tem hoje a chance de se tornar referência em inclusão. Esses números não são problema – são cidadãos. Cidadãos que merecem viver com dignidade, respeito e oportunidades iguais. O momento de agir é agora.